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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Cabo Bruno deixa a P2 de Tremembé depois de 27 anos na cadeia

Ex-policial militar Florisvaldo de Oliveira foi beneficiado por um indulto.
Ele foi condenado a 120 anos de prisão por chefiar esquadrão da morte.

Saída Cabo Bruno (Foto: Renato Ferezim/G1)Cabo Bruno deixa a P2 de Tremembé na tarde desta quinta-feira (23) em carro da Fundação de Amparo ao Preso (Funap). (Foto: Renato Ferezim/G1)
Após 27 anos de prisão, Florisvaldo de Oliveira, conhecido como Cabo Bruno, deixou a penitenciária Doutor José Augusto César Salgado (P2), em Tremembé, por volta das 15h desta quinta-feira (23).

O ex-policial militar - acusado de mais de 50 assassinatos na década de 1980 na capital paulista - recebeu o alvará de soltura nesta quarta-feira (22), beneficiado pelo indulto pleno.

Segundo funcionários da P2, ele saiu da unidade prisional em um veículo da Funap (Fundação de Amparo ao Preso). Ele estava abaixado no banco de trás do carro, que tinha vidros escurecidos. Uma viatura da Polícia Civil estava a frente do carro no momento da saída.

A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) confirmou que Cabo Bruno deixou a prisão nesta tarde, mas não informou de que forma o ex-policial militar saiu da P2 e afirmou que viaturas da Polícia Civil não fazem esse tipo de escolta, já que a saída é responsabilidade do ex-detento.

O G1 apurou que Florisvaldo de Oliveira saiu da P2 em um carro da Funap porque dentro da prisão ele trabalhava em uma empresa que seria parceira da fundação.

Procurada, por telefone, a assessoria de imprensa da fundação não confirmou essa informação.
Companheiro de cela de Cabo Bruno (Foto: Renato Ferezim/G1)Ex-companheiro de cela de Cabo Bruno na P2 de
Tremembé. (Foto: Renato Ferezim/G1)
Festa de despedida
Cabo Bruno dividia uma cela na ala 2 da penitenciária com outros três detentos. Um deles, Osmar Alves, de 42 anos, que mora em Guaratinguetá, também deixou o presídio na tarde desta quinta-feira (23). Preso há quatro anos, ele passa a cumprir a pena em regime aberto.

Alves contou ao G1 que todos os companheiros de cela estavam felizes com a saída da dupla e que uma pequena festa foi organizada. "Ele cumprimentou todos os detentos da ala 2. Ele falava do passado mas como passado, e o que passou, passou e agora é viver a vida nova, a palavra de Deus".

O ex-companheiro de cela de Cabo Bruno disse ainda que pretende frequentar os cultos de Florisvaldo de Oliveira. "Pretendo seguir a palavra de Deus a partir de agora fora daqui".
Indulto
Cabo Bruno cumpriu 27 dos 120 anos de prisão. Segundo o Tribunal de Justiça, foi concedido indulto pleno do restante da pena. A partir de agora, Oliveira não terá mais débitos pendentes com a Justiça (leia trechos da decisão abaixo).

Ex-policial militar de São Paulo, Cabo Bruno é acusado de chefiar um esquadrão da morte que atuava na periferia da capital paulista na década de 1980. Ele foi acusado de mais de 50 assassinatos e está detido em Tremembé desde 2002, onde atuava como pastor.

Em 2009, o advogado de defesa pediu a progressão da pena - do regime fechado para o semiaberto. Os exames criminológicos apontaram bom comportamento do preso.
No último dia 14, o promotor Paulo José de Palma, responsável pelo processo do Cabo Bruno, encaminhou um parecer favorável ao indulto para a decisão final da Vara Criminal.
Junto com o parecer do promotor, baseado em lei que prevê a liberdade definitiva para presos com bom comportamento e com mais de 20 anos de prisão cumpridos, estão documentos com elogios de funcionários e da própria direção da P2 quanto à conduta de Florisvaldo na unidade.

Em agosto, na saída temporária dos presos no Dia dos Pais, o cabo deixou a penitenciária pela primeira vez. A saída foi comemorada por amigos no site de relacionamento da mulher dele, uma cantora evangélica que se casou com Florisvaldo dentro da penitenciária.
Prisão e fugas
Cabo Bruno foi preso pela primeira vez em 1983 e levado para o presídio militar Romão Gomes, na capital. Entre 1983 e 1990, o ex-pm fugiu três vezes da unidade, uma delas inclusive depois de fazer funcionários reféns. Em maio de 1991 foi recapturado pela quarta vez, e nunca mais saiu.
Em junho de 1991 Florisvaldo foi levado para a Casa de Custódia de Taubaté, onde ficou até 1996. Dentro do piranhão da Custódia, unidade onde nasceu uma das principais facções criminosas do Estado, o ex-policial permaneceu os mais de cinco anos em uma cela isolado 24 horas dos demais presos.
Em 1996, Florisvaldo foi levado para o Centro de Observação Criminológica, onde ficou até 2002, quando foi transferido para a P2 de Tremembé. Em 2009 ele passou do pavilhão do regime fechado da P2 para o semiaberto, dentro da mesma unidade, separados apenas por uma muralha.

Renato Ferezim e Márcio Rodrigues Do G1 Vale do Paraíba e Região

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