Família de mulher morta no acidente na BR 101, em Natal, cobra justiça
Parentes de Herika Barroso foram à delegacia na manhã desta terça (27).
Familiares de outros dois mortos devem ser ouvidos ainda esta semana.
Marcos Antônio, marido, mostra a foto da mulher morta (Foto: Rafael Barbosa/G1)
Familiares da auxiliar de almoxarifado da Casa de Saúde São Lucas,
Herika Barroso de Paula, de 33 anos - uma das três pessoas mortas
durante o acidente de trânsito na BR 101, em Natal, fato ocorrido na
noite do último sábado (24), foram ouvidas na manhã desta terça-feira
(27) pelo delegado Sérgio Leocádio, titular da Delegacia Especializada
em Acidentes Veiculares (DEAV). A mãe e o marido de Herika exigiram
justiça e condenação por homicídio doloso (quando há intenção de matar)
ao assistente administrativo carioca Wellington Operiano Gonçalves, de
46 anos, mais conhecido como Wellington Pé na Jaca.
Segundo o delegado, os familiares de Maria Dionísio da Silva, 79 anos, e
Julião Francisco da Silva, 47 anos, que morreram no local do acidente,
deverão comparecera à delegacia ainda durante esta semana, assim como
também os parentes das quatro pessoas que ficaram feridas na colisão.
Durante os depoimentos, o marido de Herika, Marcos Antônio de Araújo
Barbosa, detalhou ao delegado como ocorreu a colisão ocorrida no último
sábado (24). Ele estava no veículo e é umas das pessoas socorridas ao
hospital. "Eu estava parando no sinal amarelo quando o motorista
atravessou a pista e bateu de frente com o meu carro", afirmou Marcos
Antônio. Ele contou também que, depois do acidente, deparou-se com a
esposa morta. Ele saiu do automóvel desnorteado. "Quando vi, meu carro
estava sem o teto. Herika estava morta ao meu lado", recordou Marcos,
com lágrimas nos olhos.
Mãe de Herika (Foto: Rafael Barbosa/G1)
Ainda de acordo com o marido, Herika trabalhava no almoxarifado da Casa
de Saúde São Lucas e, segundo a mãe dela, havia conseguido o trabalho
há 15 dias. "Ela estava toda feliz com o novo emprego", lembrou Rosália
Barroso.
Marcos Antônio disse ao
G1 que a única filha do casal,
uma menina de três anos, pergunta pela mãe frequentemente. A criança
ainda não sabe que a mãe está morta. "Ela veio me dizer que tinha
comprado dois chocolates e que daria um deles à mãe", contou Marcos.
Wellington Pé na Jaca
(Foto: Divulgação/TSE)
O suspeito
O
suspeito de causar as três mortes
e deixar outras quatro pessoas feridas no hospital é o assistente
administrativo Wellington Operiano Gonçalves, de 46 anos, natural do Rio
de Janeiro. Ele preso em flagrante. Segundo a Polícia Rodoviária
Federal, o teste do bafômetro realizado ainda no local do acidente
confirmou que o carioca ingeriu bebida alcoólica.
Wellington Operiano Gonçalves (PPL) - mais conhecido como 'Wellington
Pé na Jaca' - foi candidato a vereador na cidade de Itaitinga, no Ceará,
na eleição de outubro passado. Segundo a PRF, com informações obtidas
com o Tribunal Superior Eleitoral, ele obteve 229 votos e não conseguiu
se eleger.
Teste de bafômetro realizado pela PRF aponta
que Wellington ingeriu bebida alcoólica
(Foto: Rafael Barbosa/G1)
Segundo a Coordenadoria do Sistema Prisional potiguar, Wellington
encontra-se detido no Centro de Detenção Provisória da Zona Norte de
Natal e não quer falar com a imprensa.
O inquérito
O delegado Sérgio Leocádio afirmou que pretende concluir o inquérito
até a próxima sexta-feira (30). "Temos 10 dias para encerrar as
investigações e encaminhar o processo à promotoria. Contudo, acredito
que, até o fim desta semana, terminaremos este trabalho", disse o
titular da DEAV.
Leocádio disse ainda que, apesar do enquadramento de Wellington
Operiano nos artigos 121 e 18 do Código Penal Brasileiro -
correspondentes ao crime de homicídio doloso - é provável que a Justiça
aceite somente a autuação no artigo 306 do Código de Trânsito, que trata
de direção sob efeito de álcool. "É inegável que o que aconteceu foi um
acidente de trânsito. A defesa dele deve se apoiar nisso", afirmou o
delegado.
A pena para quem dirige sob efeito de álcool ou substância análoga
varia entre 6 meses e três anos de detenção. "Inclusive, a punição pode
ser revertida em prestação de serviços comunitários e/ou pagamento de
cestas básicas", acrescentou.
Delegado Sérgio Leocádio, titular da DEAV
(Foto: Rafael Barbosa/G1)
Por fim, o delegado revelou que, por semana, a delegacia é responsável
por investigar três acidentes com mortes em média. "Se as penas fossem
mais severas, tenho certeza que este número seria menor", pontuou
Leocádio.
O acidente
Segundo a PRF, a colisão aconteceu às 18h30 do último na BR 101, na
entrada de Natal. O carro que provocou o acidente trafegava no sentido
Natal/Parnamirim quando o condutor perdeu o controle do veículo,
atravessou o canteiro central e bateu em outros dois automóveis. Além
destes, mais um carro e uma motocicleta foram atingidos.