No Dia Mundial de Combate ao Câncer, diretoria da Liga revela necessidade de construção de novo hospital
Por: Portal JH
Com a direção da Liga, governadora visitou obra de instalação de novo acelerador linear e se comprometeu a buscar recursos. Foto: Heracles Dantas
No Dia Mundial de Combate ao Câncer, a Liga Norte Riograndense Contra o Câncer, referência estadual no tratamento da doença, luta para manter-se atualizada e com elevada capacidade de resolutividade, bem como garantir a acessibilidade e o compromisso social. Hoje, a Liga se vê dividida entre a satisfação de conseguir manter o nível de excelência e a angústia com o endividamento decorrente disso, pois quando se trata de tratamento em oncologia demanda muitos recursos financeiros. Equipamentos caros e sofisticados, equipe técnica especializada e atualizada, estrutura física adequada e serviço intensivo em mão de obra qualificada são alguns dos aspectos que tornam tão difícil e custoso esse compromisso. Apesar das dificuldades, a Liga ainda consegue dar uma boa resolutividade e já pensa alto nos planos futuros. A diretoria da Liga sonha com a construção de um novo hospital para suprir a demanda. O projeto e o terreno para construção já existem, mas esbarra na falta de recursos financeiros. Hoje pela manhã, a governadora Rosalba Ciarlini visitou as dependências da unidade e se comprometeu a entrar na luta para conseguir os recursos para construção do novo hospital.
Hoje, a instituição paga cerca de R$ 400 mil por mês de parcelamento de empréstimo bancário. Boa parte disso veio da necessidade de investir continuamente. Recentemente, a Liga investiu na compra e instalação de mais um acelerador linear, equipamento central da unidade de radioterapia. O Governo do Estado doou R$ 2,7 milhões para a compra do aparelho, mas a Liga já entrou com mais de R$ 1 milhão como contrapartida e com as obras da estrutura física. O aparelho ainda não está em funcionamento, mas a expectativa é que em, no máximo, quatro meses o novo aparelho esteja funcionando.
O superintendente da instituição, Ricardo Curioso, lembra que cada novo leito implantado demanda um montante para ser construído e outro para ser mantido, aumentando o custo fixo da instituição, muitas vezes sem retorno. Mas esse investimento é necessário. A demanda por atenção oncológica não para de crescer e a Liga vem aumentando o atendimento e seus mais variados procedimentos médicos ano a ano. Hoje, a Liga realiza cerca de três mil atendimentos de tratamento por dia, sendo 10% de radioterapia, cerca de 60 cirurgias e o restante de aplicação de quimioterapia.
“Neste Dia Mundial de Combate ao Câncer temos que comemorar as vitórias e nelas temos a esperança de que podemos atingir a plenitude. Mas também somos cercados de muita angústia, porque hoje as nossas receitas correntes não estão sendo suficientes para as despesas correntes. Então, estamos acumulando um déficit mensal para manter esse nível de qualidade e investimento e isso nos preocupa muito. Aqui na Liga, vivemos entre a angústia e a esperança. Angústia pelo que está acontecendo, pois vivemos em regime de fluxo de caixa, ou seja, o dinheiro que entra, sai. Não temos poupança. E a esperança que dias melhores virão”, destacou o superintendente da Liga.
Ricardo Curioso disse que o desafio para os próximos anos é a construção de um novo hospital. “Caso isso não seja feito, daqui a dez anos isso aqui vai estar pior do que o Walfredo Gurgel, porque a quantidade de pessoas com câncer vem aumentando 10% ao ano. Se não partirmos para construir esse novo hospital agora, daqui a dez anos a população com câncer irá dobrar e onde vamos colocar esses pacientes com a estrutura que temos hoje?”, indagou o superintendente.
Ele conta que já existe projeto e terreno para construção e que aproveitou a visita da governadora para falar sobre o projeto. “Já existe o projeto, só falta é o financeiro. Será construído ao lado, em um terreno de quatro hectares, com oito andares, com 20 leitos de UTI, com Pronto Socorro. Está orçado em U$$ 50 milhões de dólares”, destacou.
Aluísio Bezerra, diretor das unidades de apoio da Liga, conta que atualmente a Liga já não comporta a alta demanda de pacientes e que a diretoria está na luta pela construção de um novo hospital há 30 anos. “Já batemos em várias portas. Já tivemos três entrevistas com o presidente do BNDES e até agora não conseguimos, mas vamos conseguir. Hoje já está superlotado e não suporta mais. O Luis Antônio não dá para atender as cirurgias que precisam. Tudo indica que este ano será o marco para conseguirmos construir o nosso hospital”, destacou.
A governadora Rosalba Ciarlini destacou a importância da Liga para o tratamento do câncer no Rio Grande do Norte. Ela disse que o Governo do Estado fez a doação de uma máquina moderna de radioterapia, de primeira linha, que só existe igual em São Paulo, para poder reduzir o tempo de espera dos pacientes e dar agilidade no tratamento. “O Governo já é parceiro da Liga e nenhum paciente do SUS fica sem atendimento. Hoje, me coloco a disposição para ampliar essa parceria e o Governo do Estado vai entrar na luta para conseguir a construção do novo hospital”, destacou.
Acelerador Linear
A responsável pelo setor de Radioterapia da Liga, Rosa Najas, explica que o novo equipamento vai conseguir tratar um número maior de pacientes. “Como vai ser redistribuído o número de pacientes por máquinas, não vamos precisar tratar pacientes até tão tarde da noite como fazemos hoje. Atualmente, os tratamentos vão até meia noite e com mais uma máquina entrando em funcionamento os pacientes vão ser tratados até no máximo umas 20h. Para o paciente é uma qualidade muito grande, assim como para os próprios funcionários. Outra coisa que vai melhorar é usar novas técnicas de radioterapia que até hoje não foi possível ser usada porque a demanda de pacientes é muito grande, e não tinha espaço nas máquinas para introduzir uma técnica nova”, destacou.
“A radiação é um recurso muito forte no tratamento de pacientes oncológicos. Em média, em torno de 60% pacientes com diagnóstico de câncer precisa de radioterapia em alguma fase do tratamento. Radioterapia na oncologia ocupa um papel de extrema importância. Esse novo equipamento que consegue realizar todo tipo de procedimento”, destacou a médica responsável pelo setor.
Rosa Najas explica que já foi investido cerca de R$ 800 mil na construção da sala, que precisa respeitar algumas especificidades e que a máquina custou R$ 3 milhões, com recursos próprios e também doados pelo Governo do Estado. “A máquina só não está em funcionamento há mais de um ano, por conta do entrave na construção da sala, já que não tínhamos muito espaço”, destacou. A expectativa é que dentro de quatro meses a sala esteja pronta para tratamento.
Os números da Liga
Para se ter uma ideia do crescimento citado por Ricardo Curioso, em 2011 foram realizadas mais de 75 mil consultas. Um ano depois, esse número saltou para 100.732 procedimentos. Em 2010, a instituição realizou 10.432 internamentos, número que em 2012 subiu para 12.350. Com relação aos procedimentos cirúrgicos não foi diferente: no ano de 2010, a Liga realizou 8.556 cirurgias. Dois anos depois, 10.149. Em 2010 foram realizadas 201.002 aplicações radioterápicas. Em 2012, o número ficou em 219.453.