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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Obras em Alcaçuz só ficam prontas em setembro
Problemas de fornecimento de energia e esgotamento sanitário de pavilhão prolongam interdição


A liberação para que a Penitenciária Estadual Doutor Francisco Nogueira Fernandes, mais conhecida como Penitenciária de Alcaçuz, volte a receber condenados da Justiça deverá demorar um pouco mais do que o sistema prisional potiguar necessita. Interditada parcialmente, de forma oficial, desde ontem quando a portaria contendo a decisão do juiz da Vara de Execuções Penais (VEP) Henrique Baltazar Santos, corregedor da penitenciária, foi publicada no Diário Oficial da Justiça, a penitenciária possivelmente seja liberada apenas em meados de setembro. A previsão parte da data estipulada no contrato emergencial firmado entre a Secretaria Estadual da Justiça e da Cidadania (Sejuc) e a Jireh Comércio e Serviços Ltda para que sejam feitos os devidos serviços no pavilhão Rogério Coutinho Madruga, o pavilhão 5.

Pavilhão de segurança máxima acumula problemas e fugas. Foto: Paulo de Sousa/DN/D.A Press


A empresa potiguar será responsável por fazer reparos na rede elétrica e no sistema de esgotamento do pavilhão. O custo da obra é de R$ 205 mil. Os dois problemas foram considerados por Henrique Baltazar os principais motivos, junto com a superlotação da unidade, que hoje conta com aproximadamente 900 presos quando não deveria ter mais de 620, para que a interdição parcial fosse decretada. A interdição será automaticamente revogada quando o pavilhão for reaberto ou quando o número de presos for reduzido para a capacidade legal do presídio.

A transmissão de energia elétrica para o novo pavilhão era feita de improviso até a sua segunda desativação, no início de julho, por decisão administrativa da então direção do presídio. A gambiarra causava constantes quedas de energia, além de "fugas de corrente". O caso foi contado pelo Diário de Natal na edição de 1º de maio deste ano. O próprio portão de entrada da unidade prisional tinha, na época, um aviso: "Perigo de morte! Portão apresentando descarga elétrica.". A razão do problema seria o gerador do presídio, que não estava suportando o consumo de energia e começou a "vazar corrente".

O esgotamento sanitário do pavilhão já teria sido feito pela própria Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) e foi uma das razões pela qual o prédio voltou a receber apenados, em outubro do ano passado. A instalação de 14 valas de infiltração custou R$ 122 mil e serviria para dar destinação para a água tratada vinda da estação do próprio presídio. À época, Walter Gasi, então presidente da Caern, disse que as valas seriam apenas de caráter emergencial e um novo projeto estava em gestação. A obra, no entanto, só deverá ser feita agora, nove meses após o anúncio e mais uma interdição no currículo do pavilhão mais novo da maior unidade prisional do Estado.

A conclusão da obra deverá liberar o presídio para receber presos, considerando a portaria 03/2012 da Comarca de Nísia Floresta assinada pelo juiz Henrique Baltazar. O documento publicado aponta que o pavilhão está fechado por decisão administrativa da direção da penitenciária, por "ausência de condições físicas e de pessoal para seu funcionamento", que passou a capacidade de 1.020 para 620 vagas.As exceções listadas na portaria para o recebimento de novos presos são: foragidos da penitenciária que sejam recapturados, retorno de presos que tenham sido transferidos de forma provisória para outras unidades prisionais ou por autorização direta do próprio juiz.

Problemático
O pavilhão Rogério Coutinho Madruga, entre interdições e aberturas, custou R$ 11 milhões aos cofres do governo e funcionou por nove meses, sem nunca estar em sua plena capacidade de 402 vagas. Construída para tentar desafogar o combalido sistema prisional e por muitas vezes tido como "um presídio dentro de outro", o prédio que foi construído para ser um modelo dentro do sistema nunca funcionou plenamente, tanto por falta de estrutura como por falta de agentes penitenciários para gerir o local.

A maior prova do abandono foi que em 19 de janeiro fugiram 41 presos daquele que deveria ser um pavilhão de segurança máxima, configurando a maior fuga da história do sistema prisional do RN. As investigações da fuga apontaram que os presos conseguiram deixar as celas, que estavam sem cadeados, serraram as grades do teto e pularam o muro do presídio. A fuga não teria sido percebida, pois não havia nenhum agente penitenciário no local e as guaritas estavam desativadas, por conta da falta de pessoal.
 Paulo Nascimento

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