PM monta operação para recapturar fugitivos
Mais uma vez, a Polícia Militar, com apoio do Grupo de Operações Especiais (GOE) e da Delegacia Especializada Capturas (Decap), está na região da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta - Região Metropolitana de Natal, realizando buscas para recapturar presos fugitivos do presídio. A fuga aconteceu na noite de sexta-feira, 03, por volta das 20h. Oito presos escaparam do Pavilhão 2, no momento de um "apagão" no fornecimento de energia elétrica.
Alberto LeandroOs oito presos fugiram por buraco na parede do pavilhão
Até o fechamento desta edição, apesar das intensas buscas, nenhum preso tinha sido recapturado, segundo o comandante do 3º Batalhão de Parnamirim, coronel Jair Júnior. A diretora do presídio, Dinorá Simas, relatou que os oito presos estavam em celas diferentes. Eles arrombaram os cadeados e, em pouco tempo, "questão de minutos", segundo Dinorá Simas, escalaram dois muros, utilizando duas 'teresas', e alcançaram a área de dunas e matagal, que circunda o prédio da penitenciária.
Dos oito fugitivos, cinco cumprem pena por homicídio (artigo 121, do Código Penal) e três por assalto à mão armada (artigo 157, do CP). Entre eles, está Diego Branco, acusado de homicídio contra um escrivão da Polícia Civil, no ano passado, e porte ilegal de arma. É reincidente em fugas. Segundo Dinorá Simas um nono preso (Wilson Bento, também conhecido por "Wilson Coxinha") foi localizado na área de segurança, dentro de um buraco, coberto de areia e acabou sendo recolhido à cela. "Provavelmente não teve força para escalar o muro do presídio", contou Dinorá Simas.
Na fuga, os presos escalaram o muro, entre as guaritas 3 e 4, sendo que apenas esta última, segundo policiais ouvidos pela TRIBUNA DO NORTE, estava com guarnição na noite da sexta-feira, 3. Alcaçuz tem 11 guaritas, mas pela falta de efetivo militar, apenas nove ficam ativadas, permanentemente. Às vezes, até menos. A vigilância externa do presídio cabe à Polícia Militar. "No momento da fuga", chegou a dizer a diretora do presídio, "apenas três guaritas tinham guarda". Depois, ela retrucou: não tenho certeza desse número. É bom confirmar com a PM. A TN entrou em contato com o comandante da Polícia Militar, coronel Francisco Canindé de Araújo, mas ele não atendeu às ligações feitas para seu celular.
Segundo Dinorá Simas, o presídio mantinha na sexta-feira, 3, antes da fuga, 843 presos nos quatro pavilhões em funcionamento, quando a capacidade é para 620 apenados. A contagem dos presos, segundo ela, foi feita na mesma noite da fuga, após o restabelecimento da energia. Ela não soube precisar quanto tempo o presídio ficou às escuras. As buscas pelos fugitivos se iniciaram, de imediato, ainda na noite de ontem, segundo o comandante da operação de buscas, coronel da PM Jair Júnior.
A PM montou barreiras na região das lagoas de Nísia Floresta, próximo a Alcaçuz, e as rodovias federais e estaduais estão sendo monitoradas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Rodoviária Estadual (PRE), respectivamente.
O coronel Jair Júnior fez um apelo à população para que, caso identifique alguma pessoa em atitudes suspeitas, comunique à polícia, através do telefone 190. Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE a diretora do presídio disse que ainda não foi identificada a causa do apagão no fornecimento de energia. "A pane que atingiu a unidade facilitou a fuga, mas ainda não sabemos as causas e, com certeza, uma sindicância será instaurada para apurar a coincidência de um apagão na hora da fuga".
Ela também não soube dizer como a abertura de um buraco no muro do Pavilhão 2, por onde os presos saíram, não foi percebida pelos agentes. "Pela manhã, os agentes tinham feito revista em todos os pavilhões e estava tudo normal", disse ela, que não afastou a possibilidade de 'facilitação'.Essa foi a primeira fuga em Alcaçuz, após ela ter assumido o comando, há 20 dias.
A fuga de ontem ocorreu em um período turbulento para a unidade prisional. Na sexta-feira, o Juiz da Vara de Execuções Penais do Rio Grande do Norte, Henrique Baltazar, afirmou que Alcaçuz pode ser interditada. A interdição se dará com a proibição da entrada de novos presos na unidade, caso, esta semana, a Coordenação da Administração Penitenciária (Coape) não apresente novidades em relação à reabertura do Pavilhão Rogério Coutinho Madruga (Pavilhão 5), que está interditado por falta de condições.
Os fugitivos são: Marcos Aurélio Amador Alves (assalto à mão armada); Francisco Damião Virgílio de Oliveira (homicídio); Antônio Gilvan dos Santos (homicídio); Gilmar da Cruz Silva (homicídio); Diego Silva Alves (porte de armas e homicídio); Marco Gomes da Silva (assalto à mão armada); Igor Alves do Nascimento (homicídio); Pedro Lucas da Silva Alves (assalto à mão armada)
Fugas em Alcaçuz
9 de janeiro - Quatro presos fogem por túnel cavado no Pavilhão 1 do presídio. Outros 35 presos que estavam preparados para fugir tiveram a ação abortada pelos agentes penitenciários e policiais militares responsáveis pela guarda externa. Os homens que fugiram foram identificados como Júlio César Ferreira da Silva, Bruno Pierre Araújo Falcão da Silva, Lindomar Pereira do Nascimento e José Marcelo da Silva.
19 de janeiro - 41 detentos escapam do pavilhão Rogério Coutinho Madruga sem serem notados por policiais militares ou agentes penitenciários. Autoridades só tomam conhecimento do fato após a prisão de três foragidos abordados durante patrulhamento de rotina na região.
3 de fevereiro - Duas semanas após o registro da maior fuga da história do RN, a Penitenciária de Alcaçuz volta a registrar uma fuga. Seis detentos escapam por um túnel já conhecido da direção, mas que não havia sido fechado de forma satisfatória.
28 de maio - Durante a madrugada, três homens escapam do pavilhão Rogério Coutinho Madruga. Antônio José Emerenciano Ramos, José Rodrigo da Silva e Pedro Lucas da Silva Alvares fugiram após terem conseguido sair da cela do pavilhão considerado de segurança máxima. Pedro Lucas Alvares foi recuperado pouco tempo depois.
8 de junho - Dois homens escapam da unidade utilizando uma "Teresa", corda formada por lençóis. Maikel Neves e Antônio Cândido trabalhavam na padaria da penitenciária e a aproveitaram a liberdade interna que dispunha para planejar e executar a fuga.
26 de junho - Durante a madrugada, presos escapam do pavilhão 3 e rastejam até o muro da unidade prisional. Com as guaritas desativadas, os detentos encontram tempo para cavar um buraco na base do muro e, assim, escapar. Doze homens fugiram, mas um detento foi recapturado pouco tempo depois.
03 de agosto - Durante a noite, nove presos do Pavilhão 2, escalam dois muros, utilizando "teresas". Oito escapam. Um nono preso foi encontrado dentro de um buraco na área de segurança e reconduzido à cela. Apenas três guaritas estavam com vigilância.
Fonte:Tribuna do Norte
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