Ex-PM apontado como líder de grupo de extermínio em Natal volta ao RN
João Maria da Costa Peixoto, o João Grandão, retornou a Alcaçuz dia 12.
Segundo diretora do presídio, ele agora é evangélico: "um novo homem".
Penitenciária Estadual de Alcaçuz (Foto: Ricardo Araújo/G1)
O ex-soldado da Polícia Militar do Rio Grande do Norte João Maria da
Costa Peixoto está de volta à penitenciária estadual de Alcaçuz, na
Grande Natal. A informações foi confirmada pela diretora da unidade, a
agente penitenciária Dinorá Simas. João Grandão, como é mais conhecido,
retornou às carceragens da penitenciária na segunda-feira (12). Até
então, ele cumpria pena por assassinato no presídio federal de Campo
Grande, em Mato Grosso do Sul, desde setembro do ano passado.
João Maria da Costa Peixoto, o João Grandão
(Foto: Fred Carvalho/G1)
João Grandão ganhou notoriedade em 2005, quando foi apontado pela
polícia potiguar como chefe de um grupo de extermínio. Segundo as
investigações, João Grandão e outros 13 policiais detidos na época eram
suspeitos de terem executado pelo menos 26 pessoas na região
metropolitana da capital.(Foto: Fred Carvalho/G1)
O G1 tentou contato com o advogado Marcus Alânio Martins Vaz, intercessor do preso. Contudo, ele não atendeu e não retornou as ligações. Em agosto, o Pleno do Tribunal de Justiça do RN negou recurso apresentado pela defesa de João Grandão e ele foi impedido de retornar ao estado. O TJ também não se pronuncia sobre o retorno de João Grandão ao RN.
Quando removido de Alcaçuz, o Departamento Nacional Penitenciário (Depen) do Ministério da Justiça, informou que o ex-policial havia sido foi transferido para Mato Grosso do Sul porque o presídio federal de Campo Grande dispõe de uma ala exclusiva para abrigar ex-policiais condenados.
Segundo informação da assessora Flora Matela Lobosco, da comunicação social do Ministério, a transferência de João Grandão foi solicitada pelo Estado do Rio Grande do Norte. Ela confirmou que o pedido de remoção foi assinado pelo juiz da 5ª Vara Criminal e corregedor da Penitenciária Federal de Campo Grande, magistrado Dalton Igor Kita Conrado. No comunicado, a assessora lembrou que o juiz federal é a autoridade competente para decidir quanto à inclusão, ou não, dos presos numa Penitenciária Federal (atendidos os requisitos previstos na Lei 11.6710/2008 e decreto 6.877/2009)”.
"Um novo homem"
Em Alcaçuz, a diretora Dinorá Simas disse que o ex-PM está isolado e “aparenta ser um novo homem”. Ainda segundo ela, “João Grandão é evangélico agora”. Apesar disso, ele não teria feito qualquer exigência e ainda não recebeu visitas. “Nem o advogado dele apareceu aqui ainda. A família também não. Ele precisa passar duas semanas na adaptação para depois ter contato com os parentes”, acrescentou.
João Grandão
João Maria da Costa Peixoto, o João Grandão, foi preso em 2005 em decorrência da Operação Fronteira, deflagrada pela Polícia Civil após um ano de investigações. Na ocasião, ele foi apontado como líder de um grupo de extermínio que atuava na Grande Natal. Além dele, outros 13 policiais também foram indiciados. Alguns, inclusive, já respondiam a outros processos por tentativa de homicídio, porte ilegal de armas, tentativa de extorsão e adulteração de veículos. Segundo a polícia, o grupo era suspeito de ter cometido 26 assassinatos.
João Grandão voltou a ser detido em abril de 2009 ao ser acusado pelo Ministério Público pelo assassinato de José Cremildo Fernandes, executado a tiros no dia 26 de dezembro de 2008. Contudo, ele se entregou.
A morte de José Cremildo aconteceu em frente a uma borracharia na avenida Napoleão Laureano (Km 6), no bairro do Bom Pastor, na zona Oeste de Natal. O Ministério Público afirma que João Grandão matou para se vingar. No mesmo processo, o ex-PM também responde por tentativa de homicídio contra o filho de Cremildo, uma criança que na época tinha 13 anos. O garoto, segundo o próprio MP, acabou se tornando a peça chave da acusação. O garoto, segundo seu próprio relato, também teria sofrido um disparo, conseguindo fugir sem que a bala o atingisse. Daí a tentativa de homicídio contra João.
A vingança se dá pelo fato, ainda de acordo com a acusação, de que José Cremildo teria atentado contra a vida de João Grandão no dia 8 de setembro daquele mesmo ano, quando três homens o abordaram em frente da casa de sua mãe, localizada na rua Maceió, em Neópolis, na zona Sul da cidade.
Naquele dia, a Polícia Militar informou que criminoso haviam efetuado 23 tiros contra o carro do ex-PM, sendo que cinco tiros o atingiram. Dois acertaram os braços, uma bala penetrou a região lombar (abdômen) e outros dois disparos atingiram sua perna esquerda. No revide, João acabou matando um dos indivíduos. Dos dois que conseguiram escapar, apenas José Cremildo foi identificado e reconhecido por João.
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