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quinta-feira, 17 de março de 2016

Governo do RN renova estado de calamidade no sistema prisional

Calamidade já dura um ano e foi renovada por mais seis meses.
Secretário de Justiça admite que situação de presídios 'melhorou pouco'.

Do G1 RN
Suspeitos de comandar rebeliões no RN são transferidos para presídio federal (Foto: Reprodução GloboNews)Com calamidade, Força Nacional foi chamada para auxiliar em presídios (Foto: Reprodução GloboNews)
O Governo do Rio Grande do Norte renovou por mais seis meses o decreto de calamidade no sistema prisional potiguar. A renovação, assinada pelo governador Robinson Faria, foi publicada na edição desta quinta-feira (17) do Diário Oficial do Estado (DOE). O documento diz que a renovação tem por objetivo  "legitimar a adoção e execução de medidas emergenciais que se mostrarem necessárias ao restabelecimento do seu normal funcionamento".
Na semana passada, o secretário de Justiça e Cidadania (Sejuc), Cristiano Feitosa, admitiu que após um ano da decretação da calamidade, o sistema prisional potiguar "melhorou pouco".
Em entrevista ao G1, o secretário fez uma avaliação e disse que “o sistema prisional potiguar possui hoje uma equipe de diretores mais integrada e informações estão sendo trocadas com mais rapidez, mas nesse um ano, mais precisamente no último semestre, a Sejuc está investindo pesado em planejamento e em medidas que vão se concretizar nos próximos seis meses. Então, as mudanças de maior efetividade e repercussão ainda estão por vir”, ressaltou.
Um dos motivos para o otimismo de Feitosa está na possibilidade de o estado conseguir R$ 80 milhões para a construção de quatro novos presídios com capacidade para até 600 detentos cada. O recurso, no entanto, depende do governo federal. “Vamos brigar por este dinheiro. Há uma boa possibilidade de apresentarmos ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) um projeto já pronto destas quatro novas unidades incluindo o título de propriedade das terras onde elas serão erguidas. E, caso o recurso seja negado, ainda poderemos recorrer a instâncias superiores e garantir esse repasse. O fato é que temos uma grande chance de conseguirmos resolver, pelos próximos 15 anos, o problema da superlotação em nossos presídios”, pontuou.


Atualmente, ainda de acordo com o secretário, o Rio Grande do Norte possui algo em torno de 3.500 vagas para uma população carcerária de 7.500 detentos. “Ou seja, temos um déficit de 4 mil vagas para preencher”, revelou.


Os locais onde deverão ser erguidos os novos presídios ainda não foram definidos. Garantido 100%, ainda segundo Feitosa, só mesmo a Cadeia Pública de Ceará-Mirim. A unidade, ainda em obras, encontra-se atualmente com 22% dos trabalhos executados. “Deveremos inaugurá-la em novembro. Quando estiver em funcionamento, serão 603 novas vagas. Também estamos trabalhando para reformar e ampliar os CDPs (Centros de Detenção Provisória) de Assu e São Paulo do Potengi – o que já nos dá um suspiro muito grande”, acrescentou.
Para Feitosa, acabar com a superlotação é a única alternativa que a Sejuc tem para solucionar outros problemas do sistema. O secretário concorda que o inchamento dos presídios só fortalece as facções e incentiva as fugas. “Uma hora uma coisa explode”, observa. Somente este ano, em pouco mais de dois meses, 121 presos já escaparam. A grande maioria, por meio de túneis, o que demonstra também a fragilidade estrutural dos presídios do estado.
“Infelizmente, e isso é verdade, o estado jogou muito dinheiro fora com a reforma das unidades depredadas. Antes, deveríamos ter aumentado a quantidade de vagas no sistema e o nosso efetivo. Por isso, decidimos só voltar a gastar recursos com reformas ou recuperação dos presídios quando tivermos o total controle das unidades. E isso será possível quando nossos projetos forem implementados. Nos próximos seis meses, deveremos concluir a contratação de 350 agentes penitenciários temporários e também deveremos contratar uma empresa para prestar serviços de cogestão com o poder público para administração da Penitenciária Estadual de Parnamirim. Certamente serão avanços para o sistema”, concluiu.

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