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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


Comerciante investigado pela morte de 



advogado é assassinado em Natal


Ivanildo 'Boca de Ouro' levou três tiros nesta quarta (6), no bairro Planalto. 
Em 2011, ele foi investigado pela morte do advogado Anderson Miguel.


Ivanildo da Silva, o 'Boca de Oura' (Foto: Vanessa Simões)Ivanildo, o 'Boca de Ouro'
(Foto: Vanessa Simões)






O comerciante de gado Ivanildo da Silva, mais conhecido como 'Boca de Ouro', morreu após levar dois tiros na cabeça e um no peito, disparos efetuados no início da tarde desta quarta-feira (6) por dois homens ainda não identificados. Segundo a Polícia Militar, ele foi surpreendido quando caminhava pelas proximidades do 'Bar da Linda', no bairro Planalto, zona Oeste de Natal. 'Boca de Ouro' nasceu em Caicó e ficou conhecido após ter seu nome envolvido na morte do advogado Anderson Miguel da Silva, assassinado em 1º de junho de 2011 dentro de um escritório.
O apelido 'Boca de Ouro' veio em alusão à dentadura dourada, banhada a ouro, que segundo o próprio Ivanildo (durante entrevista concedida em dezembro de 2011), era estimada em mais de R$ 6 mil. As suspeitas de que ele teria sido o mandante da execução, no entanto, nunca se confirmaram. Já o advogado, ganhou notoriedade ao ser delator de um suposto esquema de corrupção dentro da Secretaria de Saúde, investigação que resultou na deflagração da operação Hígia, orquestrada pelo Ministério Público Estadual.
Ao G1, o tenente Isaac Paiva, do 9º Batalhão da PM, disse que os moradores do Planalto pouco ajudaram até o momento. “Algumas pessoas disseram que os suspeitos se aproximaram numa moto. Outros, disseram que foi numa bicicleta. Mas, ninguém identificou os criminosos”, relatou o oficial.    “Após levar os tiros, o Samu foi chamado e a vítima socorrida ainda com vida ao hospital. Mas, depois ele veio a óbito”, acrescentou.
No Planalto, 'Boca de Ouro' gerenciava um bar chamado 'Aconchego da Viúva', que ele próprio dizia se tratar de um local de encontro de garotas de programa. No início das investigações da morte do advogado Anderson Miguel, que seguem sem elucidação, surgiu uma versão que apontou o estabelecimento como o local onde o crime teria sido planejado e um suposto pistoleiro contratado por R$ 10 mil. Na época, a Polícia Civil fez uma acareação entre um preso que cumpria pena em Alcaçuz e 'Boca de Ouro'. Após o procedimento, no entanto, o delegado Marcus Vinícius, que na ocasião presidia o inquérito, desconsiderou os dois como suspeitos e ambos foram deixados de lado.
Entrevista com Boca de Ouro
Ivanildo da Silva foi entrevistado no final de 2011 pelo Novo Jornal - que circula diariamente no estado - após ter seu nome citado por um sergipano preso em Alcaçuz. O detento, que cumpria pena por tentativa de assassinato, relatou à polícia que havia sido contratado pelo próprio 'Boca de Ouro' para matar o advogado Anderson Miguel.
A entrevista aconteceu em uma pequena granja localizada nos arredores do Guarapes, também na zona Oeste de Natal. Ele rebateu as acusações e negou ter feito propostas para que o sergipano matasse o advogado.
“Esse sergipano sabe quem são os verdadeiros mandantes da morte do advogado. Quem tinha um Siena branco, com as mesmas características do carro que foi usado no crime, é ele. Se a polícia quiser, é só ir atrás que vai achar. Ele vendeu por R$ 8 mil em Alagoas e depois esse carro voltou pra Natal. Ele escondeu em Macaíba. A polícia sabe disso”, afirmou Boca de Ouro ao jornal.
Ainda se acordo com a entrevista, Ivanildo ainda acabou acusando o sergipano de ser beneficiado com regalias dentro de Alcaçuz. Ao Novo Jornal, inclusive, ele revelou que o preso comandaria um suposto esquema de prostituição dentro da penitenciária, recebendo a visita íntima de adolescentes. “Uma delas eu conheço. É uma menina de 14 anos”, denunciou. “São regalias que nenhum outro preso tem. Pode escrever aí. Quem está dizendo sou eu, Boca de Ouro. Não tenho medo dele e de ninguém”, emendou.
Ainda durante a entrevista, ao ser questionado sobre o porquê de o sergipano o estar acusando, Boca de Ouro foi enfático: “Não sei. É isso que eu quero descobrir. Aliás, eu acho que é por conta da mulher dele, que foi lá pro meu cabaré fazer programa. Ele deve tá querendo descontar a raiva dele em cima de mim”, respondeu. “Eu não tenho nada contra esse cara. Deve ter alguém por trás dele, alguém pagando pra ele inventar essas histórias só pra me complicar”, acrescentou.
Por fim, para reforçar sua inocência na história, Ivanildo fez questão de revelar à reportagem que a polícia esteve em sua casa procurando uma pistola com numeração raspada e uma espingarda calibre 12. Armas, que segundo o sergipano, o comerciante manteria em sua granja. A busca foi realizada em 21 de novembro de 2011, quando mandados de busca e apreensão foram cumpridos na granja e também no bar Aconchego da Viúva. Porém, nada foi encontrado. “Eu acordei com os policiais batendo em minha porta. E pode acreditar, não encontraram nada. Se tivessem achado alguma coisa que me incriminasse, eu certamente já estaria preso”, finalizou 'Boca de Ouro'.
A morte do advogado e a operação Hígia
O carioca, empresário e advogado Anderson Miguel da Silva foi assassinado por volta das 16h30 do dia 1º de junho de 2011 - uma semana antes de completar 37 anos. Um homem entrou no escritório A & A advogados Associados, no bairro de Lagoa Nova, em Natal, e disparou várias vezes. As imagens do assassino, monitoradas por um circuito interno de câmeras, não foram gravadas pelo equipamento. Os tiros atingiram o pescoço, o tórax e os braços do advogado.
 
Após efetuar os disparos, o assassino fugiu em um Siena de cor branca. Na fuga, pelo menos um comparsa teria dado cobertura ao pistoleiro. Um rapaz ainda chegou a ser detido logo após o crime. Ele foi localizado no bairro do Planalto, instante em que dirigia um veículo com as mesmas características do automóvel que partiu em disparada do escritório. O suspeito foi levado para reconhecimento na Polícia Federal, mas testemunhas não o reconheceram e o jovem acabou liberado na mesma noite.
 
Anderson Miguel ficou conhecido em todo o Rio Grande do Norte como o 'homem-bomba' da Operação Hígia. Foi ele o responsável por delatar, em depoimentos prestados à Justiça Federal, um suposto esquema de corrupção dentro da Secretaria de Saúde no então governo Wilma de Faria. Além dele e da ex-mulher, a empresária Jane Alves, mais 13 pessoas foram envolvidas.  
 
O esquema contou com a participação direta do próprio Anderson Miguel, que alegou ter pago propina durante os anos de 2005 e 2008 para que sua empresa, a A&G, conseguisse receber os atrasados e ainda renovasse os contratos firmados com a Secretaria de Saúde. O inquérito ainda tramita na Justiça Federal sob os olhares do juiz Mário Jambo
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