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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Sebrae estimula beneficiamento do peixe-voador no RN


A pequena cidade de Caiçara do Norte, que fica a 149 quilômetros da capital potiguar seguindo pelo litoral Norte, é um desses lugares de rara beleza pelas paisagens naturais e o verde de suas praias. É nesse reduto que se pratica uma das atividades mais tradicionais é únicas, a pesca artesanal do peixe-voador. O alto mar da região abriga cardumes numerosos desse pescado, posicionado o município como maior produtor do Rio Grande do Norte e o único do Nordeste. Por ano, são pescadas no estado 550 toneladas desse peixe, que, apesar do volume, ainda tem baixo valor comercial. Vendido em unidades, o preço chega a R$ 0,10 em meses da melhor safra (entre maio e junho), quando há abundância da espécie.

Para incentivar o melhor aproveitamento do peixe e aumentar a lucratividade dos pescadores envolvidos na atividade, o Sebrae no Rio Grande do Norte estruturou um projeto em parceria com a Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que visa, em médio prazo, melhorar essa cadeia produtiva na região. Denominada Projeto Voador, a iniciativa vai estimular o beneficiamento do pescado, que tem alto valor nutritivo e cuja carne pode ser aproveitada para fabricação de linguinças, por exemplo, além da ova que é bastante apreciada.

Inicialmente, a proposta é sensibilizar a comunidade de pescadores sobre a importância de agregar valor à atividade e mostrar o potencial do peixe, considerado produto popular vendido nas feiras livres. “A partir da carne mecanicamente separada , o tradicional peixe salgado-seco pode resultar em produtos elaborados mais elaborados, como lingüiça, bolinhos, salgados e a ova”, explica o professor da Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias da EAJ/UFRN, Dr. Rodrigo Carvalho. Dos seis mil habitantes de Caiçara do Norte, boa parte da população vive em função da pesca. A colônia de pescadores da cidade tem cerca de 1.200 integrantes.

Unidade de beneficiamento

De acordo com o gestor do projeto Sebrae no Território da Cidadania Mato Grande, Marcelo Medeiros, a ideia é instalar na região uma unidade de beneficiamento de pescado com ênfase no peixe-voador, podendo utilizar outras espécies em períodos de entresafra. “O que esperamos é agregar valor a toda a cadeia produtiva, estimular a atividade pesqueira e, sobretudo, fomentar novos negócios a partir da manipulação do peixe-voador”.

O projeto também ataca um problema do desvalorização desse peixe, já que, na época da safra quando o preço está muito baixo, o pescador desiste da sua captura ou o descarta. No Brasil, existem quatro espécies de peixe-voador. A predominante em Caiçara do Norte possui, em média, 27 centímetros de comprimento e pesa em torno de 150 gramas. Para se ter uma noção de como o peixe-voador pode ser valorizado, basta saber que, depois de pronto, um prato com 12 unidade da iguaria é comercializado em mesa de bar e restaurante a preços que variam de R$ 20,00 a R$ 35,00.

A primeira ação do Projeto Voador começa nesta quarta-feira (2), com o Seminário Apoio ao Beneficiamento do Pescado em Caiçara do Norte. O evento discutirá propostas para melhor aproveitamento do pescado e voltado para pescadores e lideranças comunitárias da cidade. O diretor-técnico do Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti, participa da abertura do seminário, que também terá palestra de Rodrigo Carvalho e de Arlindo Nascimento, consultor do Sebrae.

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